O 19º Grito dos/as Excluídos/as acontece em um momento importante da conjuntura e conclama a juventude brasileira e toda a população a se manifestar, gritar e contribuir na construção de outro projeto da sociedade, o projeto popular para o Brasil. Para avançarmos neste caminho, precisamos entender que o momento pelo qual passamos é de agravamento da crise do sistema capitalista, onde cada vez mais a população pobre é excluída.
Com isso, este ano em Iguatu, toda a igreja e os movimentos sociais da nossa região também irão realizar o Grito dos Excluídos/as em nossa cidade. Desta vez trazendo à discussão os grandes problemas que afligem a juventude no Brasil. Muitos jovens já estão se programando para estarem nas ruas no dia 07 de setembro manifestando o seu descontentamento com os caminhos tomados pela política e pelos poderes, com a ineficiência das políticas publicas, o mau uso dos recursos públicos e os rumos da política econômica. O Instituto Elo Amigo juntamente com toda a sua equipe estarão se unindo aos jovens e aos excluídos/as para debater sobre as grandes questões que os afligem e levar as ruas no próximo dia 07 de setembro.
Em quase todo o sertão nordestino ainda podemos notar principalmente em regiões mais isoladas, a preservação da cultura dos povos mais antigos. E na comunidade Areia dos Guedes a 17 quilômetros de Acopiara - CE não podia ser diferente.
A comunidade ainda cultiva a mandioca para fazer a farinha nos moinhos manuais e na época da colheita todos se mobilizam no chamado tempo da farinhada, chegando a durar semanas, todo aquele processo de colher, descascar, triturar e torrar a mandioca para fazer a farinha e a goma. “É uma grande festa ver todo aquele povo unido e acordando a velha e quase centenária casa de farinha da comunidade”, diz um morador da região.
Chegando ao local a sensação é de voltarmos no tempo e de vivenciar algo que só conhecíamos nos livros da história do Brasil. É algo lindo pertence aquela cultura.
Porém como a produção da mandioca não é anual, muitos agricultores precisam realizar outras atividades para suprir as necessidades de suas famílias nos meses onde a farinhada não ocorre e Arlete é uma delas. Conta ela , que 30 anos atrás, sua mãe, Dona Maria Salete, percebeu que na comunidade existia uma vasta quantidade de carnaubeiras tendo ela, a idéia de começar a confeccionar a conhecida vassoura da palha de carnaúba, para aproveitar aquela Matéria prima que até então, não tinha nenhuma serventia para aquele povo.
Ela conta que sua mãe fabricava as vassouras até pouco tempo atrás, mas devido ao cansaço, foi diminuindo a produção até encerrar definitivamente a confecção das tão famosas vassouras. Assim, para manter a cultura de sua família e ainda acrescentar uma renda extra em sua casa, Artele resolveu continuar a produção das vassouras.
E como já esperado, os clientes continuaram Fiéis. Arlete vende as vassouras nos distritos vizinhos para pequenos mercadinhos e tira uma renda extra que já tem destino certo para o sustento da família.
O processo de fabricação é todo manual. Arlete acorda cedo para cortar as palhas e essa primeira etapa torna-se um processo muito perigoso, pois como a palha da carnaúba é bem alta, é preciso um gancho de ferro fixado em uma longa vara para poder puxá-la e quando a palha é cortada com esse gancho, ela desce pontiaguda e com muita velocidade, podendo atingir a pessoa que está embaixo realizando o serviço. Alguns casos de pessoas que se feriram gravemente já foram registrados na região.
Arlete lembra que para manter a espécie é preciso deixar sempre as palhas do centro da carnaubeira, para que ela venha a brotar novamente e meses depois possam ser reutilizadas e colhidas.
Após o corte, os espinhos são retirados ali mesmo no local e as palhas são levadas para a residência onde vão passar por um processo de secagem para só então começar a etapa artesanal da confecção das vassouras.
Cada vassoura leva no máximo cinco minutos para ser produzida sendo vendia a R$ 1,50 a unidade. Em quantidades acima de cinqüenta unidades o valor diminui para R$ 1,00 a unidade.
Arlete também cultiva algumas verduras em seu quintal. Ela utiliza o sistema de canteiros suspensos e produz alface, cebolinha, coentro e pimentão. Na propriedade também encontramos uma pequena área com feijão e mandioca. Tudo para o próprio consumo da família.
Arlete conta que não produz uma quantidade maior pelo simples fato de não possuir água suficiente para a produção, mas como ela e muitos de sua comunidade acabam de ser beneficiados esse ano de 2013 no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) a expectativa de dias melhores tomou conta daquele povo. Todos estão muito ansiosos com a chegada do projeto e já fazem planos para o próximo ano. “Vou plantar feijão até onde não der mais, também vou fazer um monte de canteiros e vou plantar minhas verduras”, diz Nilson , irmão de Arlete.
Canteiros suspensos
Arlete retirando as palhas da carnaúba
Vassouras prontas para serem comercializadas
Quem chega à comunidade Areia dos Divinos, a 18 quilômetros de Acopiara-CE, já avista uma propriedade que se destaca das demais pela sua diversidade agroecológica. Essa propriedade pertence ao Sr. José Divino, de 66 anos. Seu Zé Divino, como é conhecido, nasceu em Acopiara mas sempre morou na comunidade . Ele conta que a propriedade foi herança de seus pais, mas que naquela época a imagem do lugar se resumia ao plantio do algodão e da mandioca, à uma casa de farinha de mandioca e um campo de vaquejada para as épocas de festejos regionais. A velha casa de farinha ainda existe e inicia as atividades produtivas todo ano na colheita comunitária da mandioca.
Segundo Seu Zé Divino a produção da mandioca reduziu de uma maneira significativa e apenas algumas famílias ainda realizam o plantio. O algodão já foi extinto daquela região e os filhos dos agricultores cada vez mais foram se introduzindo nos meios urbanos, esquecendo e deixando de lado a cultura da região e de seus antepassados.
Com a diminuição da produção de mandioca na comunidade, Seu Zé Divino resolveu acabar com o campo de vaquejada e iniciar um sonho antigo de fazer da propriedade uma chácara repleta de fruteiras e leguminosas. E assim então ele iniciou o cultivo das primeiras plantas, mas com muita dificuldade, pois a única água disponível era a de um pequeno açude próximo à propriedade. Seu Zé divino percebeu que era importante ter a água mais perto das plantas e foi assim que através de muito esforço conseguiu construir um grande reservatório de cimento e tijolos com capacidade para armazenar até 14 mil litros de água no qual a água da chuva é coletada através de calhas no telhado, bem semelhante às cisternas de placa do P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas) mas com menos capacidade de armazenamento.
E o tempo foi passando e a propriedade de Seu Zé Divino foi se fortalecendo e acumulando uma diversidade tão grande que dificilmente algum alimento não encontramos por ali.
Pudemos notar bananeiras, goiabeiras, gravioleiras, mamoeiros, cajueiros, maracujazeiros e muitos outros, além de uma grande variedade de leguminosas. Seu Zé Divino também aproveitou um pequeno espaço próximo ao curral dos bois para cultivar um lindo canteiro de verduras. Lá pudemos encontrar a alface, a cebolinha, o coentro, a pimenta e outras variedades que hoje proporcionam à família de Seu Zé Divino uma alimentação mais saudável e completamente orgânica, livre de agrotóxicos e seus derivados.
Seu Zé Divino conta que vive muito bem em sua casa. Só sente mesmo a falta de uma tecnologia de armazenamento de água mais eficaz para aumentar a sua produção, podendo ele quem sabe, até comercializar o excedente.
Quando falamos nas cisternas de 52 mil litros de água do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) que estão sendo executadas e construídas pelo Instituto Elo Amigo naquela região e nas comunidades vizinhas, notamos no semblante a vontade de seu Zé Divino em possuir uma tecnologia daquele porte.
“meu sonho mesmo era uma cisterna de 52.000 litros pra eu produzir. Ainda estou forte e com muita força de vontade pra continuar meu plantio e ter uma alimentação saudável pra mim e para minha família”, desabafa Seu Zé Divino.
Instituto Elo Amigo inicia Processo de cotações para escavações de oitenta e uma (81) tecnologias de armazenamento de água para produção de alimentos no município de Icó - CE, sendo quarenta e nove (49) de Cisternas Calçadão e trinta e duas (32) de Cisternas de Enxurrada em parceria com a ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) e patrocinado pela Petrobras.
Seis empresas da região centro sul participaram da cotação. O processo aconteceu no dia 17/07/2013 as 9:00 hs da manha na sede do Instituto Elo Amigo com a presença de representantes dos seis fornecedores mais membros da comissão de compras da instituição. Cada empresa participante trouxe sua cotação em um envelope lacrado onde os mesmos foram abertos na presença de todos ali presente.
A empresa vencedora foi Tele Guincho Senhora Santana, que a partir da autorização emitida pela instituição ira iniciar o processo de escavações nos próximos dias.
Dia 27 de julho o Instituto Elo Amigo realizou mais um intercambio com os agricultores/as de Jucás, Quixelô, Acopiara e Cedro, beneficiados no novo termo de parceria entre ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) e MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome).
No intercambio, uma das visitas realizadas foi à propriedade de Seu Edival, que produz polpa de frutas, doces e mel, e tinha como objetivo demonstrar aos agricultores beneficiados a importância do aproveitamento e do uso correto das frutas e outros produtos como leite e mel.
Os agricultores conheceram todos os maquinários necessários para iniciar o processo de fabricação das polpas, os cuidados necessários para ter um produto de qualidade e as técnicas de distribuição do produto final no mercado consumidor.
Seu Edival aproveitou também para contar sua historia e a importância do auxilio técnico e estrutural fornecido pelo Instituto Elo Amigo.
Os agricultores retornaram da visita entusiasmados com a experiência de Seu Edival e muito mais motivados a iniciar suas atividades produtivas com o uso das tecnologia de armazenamento de Água que estão sendo implantadas em suas propriedades.
No dia 24 de junho, o instituto Elo Amigo realizou um processo de capacitação de sistema simplificado de irrigação para produção (SSIP) com nova equipe técnica de Animadores de Campo do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) firmado pela ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) e patrocinados pela Petrobras.
A capacitação aconteceu na comunidade de Itâns, a 14 quilômetros de Iguatu - CE, onde a equipe conheceu a experiência de produção agroecológica do Sr. Zezinho. Nesta capacitação, a equipe foi capacitada com varias técnicas simples e econômicas para o processo de irrigação. Viram na pratica como montar um canteiro econômico, alternativas simplificadas de irrigação como o gotejamento utilizando garrafas Pet e o sistema de irrigação de canos com borrifadores feitos de canudos de pirulitos.
O objetivo deste momento foi mostrar a nova equipe técnica que existem formas alternativas e relativamente baratas de sistema de irrigação que podem ser executadas pelos próprios agricultores trazendo para eles um pouco do conhecimento técnico e ao mesmo tempo o respeito o meio ambiente com a reutilização de alguns materiais que geralmente seriam descartados.
Cisternas de placa para produção de alimentos construídas no final de 2012 pelo Instituto Elo Amigo em Quixelô-CE, através do Programa Uma Terra e Duas águas (P1+2), já cumprem com o objetivo esperado, estando todas com os reservatórios completos das ultimas chuvas e com as calçadas servindo para secagem dos grãos das primeiras colheitas.
Instituto Elo Amigo inicia processo de capacitações de comissões municipais para o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) através do termo firmado pela ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) com o patrocinio da Petrobras. As cidades beneficiadas nesse novo termo são: Cariús, Icó e Saboeiro, onde irão ser implantadas ao todo, 297 tecnologias de armazenamento de água Para produção de alimentos e criação de pequenos animais. Alem disso, as comunidades beneficiadas com o programa receberão um curso de Gestão de Água Para Produção de Alimentos (GAPA) e um curso de Sistema Simplificado de Irrigação para Produção (SSIP), além de participarem de intercâmbios municipais e interestaduais.