Neste sábado, dia 23 de agosto e no próximo, dia 30 de agosto, a TV Diário irá exibir um programa especial apresentando a historia e os projetos executados pelo Instituto Elo Amigo.
A programação será exibida no programa Conhecer, que vai ao ar todo sábado as 06:30h da manha. O programa pauta assuntos como desenvolvimento sustentável, agricultura familiar e as grandes reportagens que envolvem o povo do sertão com enfoque informativo e educativo.
O Instituto Elo Amigo convida a todos para assistir o programa e conhecer um pouco mais sobre os trabalhos que a Instituição vem desenvolvendo.
Vicente Abdon e sua família vivem na comunidade sítio Bom Principio, a 12 quilômetros de Acopiara-CE. Eles receberam do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), uma Barragem Subterrânea no final de 2012. A Barragem Subterrânea é construída em áreas de baixios, córregos e riachos que se formam no inverno. Sua construção é feita escavando-se uma vala até a camada impermeável do solo, a rocha. Essa vala é forrada por uma lona de plástico e depois fechada novamente. Desta forma, cria-se uma barreira que “segura” a água da chuva que escorre por baixo da terra, deixando a área encharcada.
Para garantir água no período mais seco do ano são construídos poços a, aproximadamente, cinco metros de distância do barramento. O poço serve para retirar a água armazenada na barragem que pode ser utilizada para pequenas irrigações, possibilitando que as famílias produzam durante o ano inteiro. No inverno, é possível plantar culturas que necessitam de mais água, como o arroz e alguns tipos de capim. Dependendo do tipo de cultura implantada pode-se ter mais de uma colheita por ano.
Hoje, a propriedade esbanja potencialidade mesmo em períodos mais secos. “antes a gente não podia plantar quase nada porque quando o período de seca chegava destruía tudo, mas agora quando chove a Barragem armazena água da chuva embaixo do chão e a gente tem um solo úmido o ano todo”, diz com orgulho Vicente Abdon.
Cecília Dayane da Costa Melo, 22 anos é técnica em agropecuária, com habilitação em agricultura e atualmente exerce a função de Animadora de Campo do Instituto Elo Amigo no Projeto Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Cecilia mostra a força da mulher nas atividades de campo e é referencia em assuntos como apicultura e agricultura familiar.
A 23 quilômetros de Cedro-CE, na comunidade Nação, mora Maurício Lima de Matos, sua esposa Sandra Lima dos Santos e sua filhinha de 3 anos. Eles foram beneficiados com um barreiro-trincheira em 2013 pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e hoje Maurício respira com tranqüilidade ao saber que terá água suficiente o ano todo para criação de seus animais. Antes Maurício pedia água a um vizinho para alimentar sua criação.
Dia 17 e 18 de julho de 2014 o Instituto Elo Amigo realizou no Centro Diocesano de Iguatu, mais um encontro territorial do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) envolvendo os pedreiros capacitados para a construção das tecnologias do programa e os animadores de campo do instituto Elo Amigo Promovendo um diálogo horizontal com os pedreiros voltado para as adaptações à nova forma de execução do P1+2 com vista na ampliação da qualidade das tecnologias e dos resultados do programa.
Na manha do primeiro dia, após um reforçado café da manha, a programação iniciou com uma mística de abertura e a apresentação dos participantes. Logo após foi explicado os novos processos de execução do P1+2, as modalidades de contratação, a implantação do sistema de distribuição, a utilização da bomba elétrica e a implantação de uma base para uma caixa d’água.
Após o almoço os participantes foram divididos em grupos e levados para a comunidade Cabeça de Negro há 26 quilômetros de Orós - CE, para uma pratica de campo a fim de executarem a construção da base da bomba elétrica e a base da caixa d’água.
No processo inicial foi escolhida próxima a cisterna uma área mais plana possível para a construção da base para a bomba elétrica. Após a limpeza e o nivelamento do solo é preparado o cimento para fazer o piso da bomba sempre obedecendo os padrões e as medidas definidas pela equipe técnica.
Após o piso são levantadas as paredes da base, instalada a tampa de ferro e colocada a cobertura, para evitar assim que a bomba seja atingida diretamente pela água da chuva e pelos desgastes do tempo ao sol, restando agora apenas a chegada da bomba elétrica para a implantação do sistema.
Depois de pronta a base da bomba é chegada a hora de fazer a base para a caixa d’água. Para isso são feitos três buracos no solo com aproximadamente 50 centímetros de profundidade onde são fixados três colunas de concreto. Para isso é usado uma mistura de cimento areia e brita.
Depois das colunas fixadas e colocadas no nível é chegada a hora da base de concreto pré-moldada, onde ira ficar instalada a caixa d’água. Esse é o momento mais complicado, pois é preciso algumas pessoas para suspender a base até o ponto mais alto das colunas.
No segundo dia, de volta ao centro Diocesano de Iguatu, após um café da manha os participantes foram novamente divididos em grupos para uma avaliação mais complexa, onde foram discutidos a Importância do trabalho dos pedreiros, o acompanhamento do Elo Amigo, o apoio das famílias, a qualidade do material e principalmente a opinião e as sugestões dos pedreiros quanto aos assuntos pautados no encontro.
No encerramento todos plantaram simbolicamente uma semente e relataram os seus sentimentos e todo a aprendizado que tiveram e continuam tendo nesta caminhada pela convivência no semiárido.
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A cada dia, as pessoas percebem que aquela antiga ilusão de tentar a vida na grande São Paulo não é, e nunca foi a resposta para fugir das dificuldades. Essa tentativa de migrar para as grandes cidades já foi uma realidade dos quatro cantos do mundo, mas foi na zona rural que essa migração ganhou proporções e deixou uma triste história para as famílias que passaram por essa etapa da vida.
Cícero de Souza Ferreira de 37 anos é mais um protagonista dessa antiga realidade de êxodo rural. Cícero mora na comunidade Caiana a seis quilômetros de Cedro-CE com sua esposa Maria Vilanir Lima Ferreira e com os dois filhos do casal. Eles chegaram à comunidade em 1994, mas com pouca água e com medo dos efeitos da estiagem, Cícero acreditou que não havia alternativa para manter a sua família e em julho de 2011 resolveu migrar para São Paulo em busca de emprego e de uma vida melhor para sua família. Ele nos conta que vendeu tudo que tinha e sem muito pensar, partiu com sua família para Campinas-SP, para trabalhar como ajudante de pedreiro com um parente que já residia por lá. Ele relata que até dava para conseguir o básico para o sustento da família, mas para isso era preciso morar longe do centro da cidade, pois o aluguel e o custo de vida nas periferias era bem mais barato, mas em consequência, viviam eles no meio da violência que assola quase todo perímetro urbano do nosso país.
Cícero conta que não suportou aquela rotina por muito tempo e tinha saudades da tranquila vida no campo. “Minha família vivia em uma prisão, quando anoitecia então todo mundo tinha que se trancar dentro de casa, vivia todo mundo assustado”.
Assim, sem olhar pra trás, em março de 2013 Cícero e sua família retornaram para sua terra natal em Cedro-CE. Com o pouco dinheiro que Cícero conseguiu por lá, ele comprou os móveis da casa e um terreninho próximo à residência. Iniciou a criação de galinhas de postura e começou a comercializar os ovos na região. Tudo caminhava bem e o sustento da família estava garantido com o comércio dos ovos, mas novamente, devido à pouca quantidade de água, o problema de Cícero se repetia e ele não conseguia ampliar sua criação, pois suas fontes de armazenamento de água eram a cisterna de placa do P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas) de 16 mil litros de água para o consumo e um açude próximo que nunca segurava água o ano todo. “Nunca dava para acreditar no açude, pois ele secava no meio do ano e às vezes passava até anos sem encher”.
Mesmo com toda essa dificuldade, Cícero dava um jeitinho aqui e outro ali e conseguia além de manter suas poucas galinhas, plantar algumas fruteiras em seu quintal. E foi com todo esse esforço que ele e sua esposa tiveram a ideia de abrir um pequeno comércio de frutas na comunidade. Lá ele vende o mamão, a carambola, o feijão e a banana.
O grande sonho de Cícero é encher seu quintal com canteiros de verduras e legumes, só que esse sonho sempre foi frustrado quando ele percebia não ter água suficiente para a produção de alimentos. A chegada da cisterna-enxurrada – capaz de armazenar até 52 mil litros de água para produção de alimentos e criação de pequenos animais – trouxe tanta alegria a Cícero, que antes mesmo dela estar pronta, ele já planeja onde ficarão os canteiros e tudo que ele vai cultivar em seu quintal para o consumo de sua família e para comercializar em seu pequeno comercio de frutas.
“Vou plantar coentro, alface, cebolinha, beterraba, pimentão, cenoura e vou encher o quintal de maracujá” ,diz.
Cícero e outros agricultores da comunidade que também estão envolvidos no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) participaram de intercâmbios e ainda foram capacitados com cursos de gestão de água para produção de alimentos e de sistema simplificado de irrigação. “Aprendi muito com esses cursos, antes eu enchia o regador e saía molhando tudo até a terra encharcar sem saber que eu estava era esperdiçando água”.
É notório o entusiasmo de Cícero com a chegada da cisterna. Com a força de vontade que ele esbanja, com o auxílio da tecnologia e com a capacitação recebida pelos cursos é questão de tempo para Cícero aumentar sua criação de galinhas e cultivar seus canteiros, garantindo assim a soberania alimentar e nutricional de sua família.
“Nunca tive uma experiência dessas em minha vida. Agora tudo vai ser mais fácil para a gente”, finaliza Cícero.
TV Diário fala da importância das tecnologias de captação de água da chuva como alternativa para as comunidades rurais nos períodos de estiagem. Matéria trás a experiência do Elo Amigo com a execução do Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2, na região Centro Sul do Ceará.
Veja matéria específica entre os minutos 5:26 e 9:00
Tecnoligias sociais de captação de água da chuva
Instituto Elo Amigo capacita 100 agricultores/as em Sistema Simplificado de Irrigação para Manejo de Água (SSIMA). As capacitações aconteceram nos dias 04 a 06 de julho, com quatro grupos, nas comunidades Cabeça do Negro, Sobrado, Rochedo e Barra, no município de Orós, no Centro Sul do Ceará. Participaram beneficiários/as do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), financiado pela Fundação Banco do Brasil (FBB).
O objetivo geral é despertar nos/as agricultores/as a compreensão de que a gestão dos recursos hídricos servirá para o desenvolvimento da agricultura familiar, garantindo a sustentabilidade e a formação da realidade, a partir do manejo adequado da água para a produção de alimentos em bases agroecológicas, bem como, a defesa das tecnologias de convivência com o Semiárido, estabelecendo novas relações com as pessoas e o meio ambiente. Valorizar os conhecimentos dos/as agricultores/as familiares em relação ao uso e a gestão da água e ampliar os conhecimentos das alternativas de segurança hídrica, construídas e desenvolvidas pelos mesmos/as são objetivos específicos.
No primeiro momento das capacitações, os/as participantes foram envolvidos por uma mística que teve como tema central a Criação, a partir da leitura bíblica do livro de Gêneses. Terra, água, sal, vela, cinza, galhos verdes e sementes foram os símbolos utilizados para ilustrar o momento, causando nos/as participantes um sentimento de inter-relação com os mesmos. Alguns trouxeram a importância da água para a vida do ser humano e todos os seres vivos, outros ressaltaram a importância do sal para dar sabor à comida, outros ainda exaltaram a terra e a água como fonte do alimento de cada dia.
Posteriormente, foram convidados/as a refletir sobre a realidade hídrica da comunidade, a partir de um diagnostico das fontes existentes. Os instrumentais como Vídeos de produção agroflorestal, cartilhas de experiências exitosas e tecnologias sociais de captação de água também foram utilizados.
A implementação do sistema simplificado de irrigação para produção, com a construção da base para a caixa d’água, micro aspersor alternativo e gotejadores foi a parte prática da capacitação.
Para o técnico do Elo Amigo, Claudio Sampaio, a capacitação é um processo importante na formação dos/as agricultores. “A perspectiva é contribuir com o aprendizado, facilitando o manejo com sustentabilidade e segurança hídrica de cada família. A capacitação ensina com a prática, para que o mesmo obtenha resultado no seu cultivo”, disse, acrescentando que os efeitos surtirão pela simplicidade da metodologia utilizada e experiências compartilhadas. “Os/as agricultores/as conseguem captar com facilidade as práticas para desenvolver outras experiências que eles mesmos já obtinham, essa troca de experiência vem gerando conhecimento e maior empenho das famílias em produzir seu alimento saudável, que garante a soberania alimentar”, finalizou.