A mais de dez anos de atuação no semiárido, a Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA, desenvolve o programa de formação de mobilização social para convivência com o semiárido através dos Programas Um Milhão de Cisternas - P1MC e Uma Terra e Duas Águas – P1+2.
A metodologia de execução dos programas congrega ações de mobilização, capacitação e intercâmbios de troca de experiências entre as famílias beneficiadas. Essa metodologia envolve as famílias em todas as etapas de execução, inclusive no processo de construção das tecnologias sociais de captação e armazenamento de água da chuva, garantindo maior transparência, controle social e eficácia na aplicação dos recursos, garantindo a construção coletiva da cidadania no semiárido brasileiro.
Recentemente o Governo Federal noticiou a implantação de cisternas de Plástico PVC em substituição às Cisternas de Placa, transferindo a execução das ações para os governos Municipais e Estaduais, excluindo a Sociedade Civil da execução de uma política criada por ela própria através da ASA.
Reafirmamos que somos contra a essa medida impensada do Governo Federal.
Durante muitos anos, o Semiárido foi apresentado e tratado como inviável e um entrave ao crescimento econômico e social do País. Uma região onde as pessoas não sobreviveriam sem ajuda externa e eram consideradas incapazes de assumir seus destinos.
Essa ideia, construção simbólica, não foi despretensiosa, nem pode ser associada à natureza ou às pessoas que vivem no Semiárido. O que se sedimentou é uma construção política, atribuindo todas as dificuldades a Deus ou à natureza. Esse pensamento sempre teve um objetivo claro: beneficiar poucos e manter o poder de dominação da elite, gerando subalternidade.
Associada à falta de água, a solução apontada pela política de combate à seca foi sempre de cunho milagroso: um grande açude, uma grande barragem, a transposição do rio São Francisco, uma grande adutora. Na história recente, no plano dos governos federais, tivemos:
Essas ações ficaram nacionalmente conhecidas como as responsáveis pela famigerada Indústria da Seca.
Numa outra perspectiva, nessa mesma região, a partir do envolvimento das famílias em torno de tecnologias simples, baratas e de grande impacto,gestadas a partir dos conhecimentos e das práticas das comunidades, foram sendo construídas cisternas de placas. De algumas dezenas, passaram para centenas e hoje são cerca de 500 mil reservatórios. Uma revolução silenciosa, resultado de uma ação conjunta da sociedade civil organizada, dos governos federal, estaduais e municipais e de vários outros parceiros, inclusive bancos e empresas.
Assim, gradativamente foi crescendo a perspectiva da política de convivência com o Semiárido.
Hoje, o Brasil, a partir da efetivação do Programa Água para Todos, no contexto do Plano Brasil Sem Miséria, pode finalmente comemorar a decisão governamental de universalizar as cisternas, pôr fim à Indústria da Seca e garantir água de qualidade a todas as famílias rurais do Semiárido. Decisão que veio para valer e
Parece-nos, no entanto, estranho e inaceitável que, neste contexto, as cisternas de plástico/PVC surjam como alternativa para o semiárido, uma vez que excluem a população local, não permitindo a sua participação no processo de reaplicação da técnica, criando dependência das empresas.
Efetivamente, o sucesso da ação da ASA através do Programa Um Milhão de Cisternas está na participação das famílias como protagonistas de sua história. No fazer e ser parte do processo.
Nesse contexto, nós, famílias agricultoras e organizações que fazemos a ASA, não nos consideramos as donas da tecnologia, e nem as únicas envolvidas neste processo . No entanto, nos sentimos no dever e no direito de alertar o governo e a sociedade brasileira sobre os efeitos negativos das cisternas de plástico/PVC.
Por fim, queremos ser ouvidas, participarmos e sermos corresponsáveis pela construção e gestão da política de convivência com o Semiárido.
Em comemoração aos seu 10 anos de atuação, o Instituto Elo Amigo – IEA realizou varias atividades sócioeducativas, culturais e festivas nos quatro dias que antecederam o seu aniversário (28 de novembro de 2011).
As atividades tiveram inicio no dia 24 (quinta feira) com um seminário de lançamento da programação no auditório do Sebrae. Os presentes tiveram a oportunidade de assistir ao vídeo institucional que trazia depoimentos de beneficiários, parceiros e ex-integrantes da equipe técnica. Seguindo na parte da tarde, a sede do IEA converteu-se em um estúdio aberto ao publico. A exposição de fotos mostrava as conquistas do Elo nesses 10 anos de luta, destacando as realizações, as pessoas que trabalharam e que foram beneficiadas pelos projetos executados nesse período.
Na sexta feira (dia 25), foi à vez dos moradores do bairro Vila Centenário, que receberam a visita da equipe e seus parceiros com ações e serviços voluntários como palestras, avaliação física, aferição da pressão arterial, ginástica laboral, peça teatral, massagem, atendimento jurídico, atendimento aos empreendedores e sorteio de brindes doados por algumas empresas do município de Iguatu.
No dia 26 (Sábado), na Praça da Caixa Econômica, o IEA reuniu vários agricultores(as) beneficiados pelos projetos da área da agroecologia e convivência com o semiárido na realização da feira agroecológica. Os visitantes poderam conhecer melhor a agroecologia e os produtos vindos diretamente do campo, produzidos sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos. Na feira encontrava-se macaxeira, mamão, maxixe, couve, alface, verdura, doces caseiros, mudas, etc. Tudo isso animado ao som do bom e velho forró pé de serra que envolveu os feirantes e visitantes durante toda a manhã.
Ainda no Sábado a noite, o Elo realizou o Bingo Show beneficente no parque de exposições do Rotary Clube de Iguatu, os convidados tiveram a oportunidade de desfrutar de uma noite agradável, curtindo música ao vivo em um ambiente familiar e acolhedor.
E no dia 27 (domingo), encerrando a programação festiva, foi celebrada a missa em ação de graças na Catedral de São José pelo Bispo Dom João Costa. Integrantes da equipe do Elo, levaram ao altar produtos e objetos simbólicos que representam as conquistas obtidas ao longo de sua primeira década de atuação. Com uma declaração final o Coordenador Executivo, Marcos Jacinto, trouxe os sentimentos da equipe em fazer parte deste elo, a certeza de um dever cumprido e o reafirmamento do compromisso social da entidade e de sua equipe técnica.
“Graça é começar bem. Graça divina é não parar. Mas a graça das graças é não desistir nunca.” Dom Helder Câmara
No período de 24 a 27 de Novembro, o IEA desenvolverá uma série de atividades em comemoração aos 10 anos da Instituição, que ocorrerá neste dia 28. As ações além de ter a presença da equipe e diretoria do IEA, contará com o apoio e participação das entidades e empresas parceiras.
Acompanhe a programação e participe. Venha festejar conosco esta data tão expressiva e enriquecer a nossa festa com sua presença.
No passado, o segundo semestre do ano era de sofrimento com a escassez de água. Hoje, a realidade mudou
Cariús Duas organizações não governamentais, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos, em Senador Pompeu, e o Instituto Elo Amigo, em Iguatu, integram o esforço da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), para promover o acesso à água e à segurança alimentar a dezenas de famílias de agricultores no sertão cearense.
A construção de cisternas de placas e de calçadão, cujos recursos são oriundos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), tem se mostrado um meio eficaz de acesso à água para consumo e produção de alimentos.
Até agora, já foram construídas 39.275 cisternas de placas, com a programação de mais 22.500 para o próximo ano, segundo dados da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA). Há um projeto piloto para a construção de 1.500 cisternas de calçadão, que já foram conveniadas e estão em fase de execução.
Em meio a denúncias de má aplicação de recursos do MDS por algumas Prefeituras no Interior do Ceará para a construção de cisternas de placas (obras inacabadas ou com rachaduras), o esforço de organizações de sociedade civil tem apresentado bons resultados.
As famílias são capacitadas sobre o uso correto das unidades no período de estiagem. Os exemplos, segundo o coordenador da ONG Instituto Elo Amigo, Marcos Jacinto, estão espalhados em diversas comunidades rurais nos Municípios de Cariús, Crato, Jardim, Saboeiro, Piquet Carneiro, Independência, Tauá e Crateús.
Seleção
As instituições que fazem as políticas públicas do Governo Federal chegar à casa dos agricultores integram a articulação do Fórum Cearense pela Vida no Semiárido. Uma comissão municipal faz a seleção das famílias, que passam por formação técnica, para serem beneficiadas com as obras.
Há dois tipos de cisternas: a de placa, com capacidade para armazenar 16 mil litros de água de chuva captados por calha no telhado, do Programa por Um milhão de Cisternas (P1MC), que começou em 2003; e a cisterna calçadão, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que armazena até 52 mil litros de água para uso em irrigação de hortaliças e pomares no quintal das casas.
Para entender a sigla P1+2, Marcos Jacinto, esclarece: "O um significa terra para produção. O numeral dois corresponde a dois tipos de água - a potável, para consumo humano, (armazenada em cisternas de placas), e água para produção de alimentos (armazenada no modelo calçadão)".
As famílias atendidas pelo Programa P1+2 são selecionadas a partir de critérios sociais e econômicos, com prioridade para as casas que já dispõem de cisterna de placa, mulheres na qualidade de chefe de família, presença de crianças de até 6 anos, idosos acima de 65 anos e pessoas portadores de necessidades especiais.
De acordo com a ASA, o objetivo do programa é fomentar a construção de processos participativos de desenvolvimento rural no semiárido brasileiro e promover a soberania, a segurança alimentar e nutricional e a geração de emprego e renda às famílias agricultoras, por meio do acesso e manejo sustentáveis da terra e da água para produção de alimentos.
Na localidade de Riacho do Meio, zona rural de Cariús, quase todas as 54 famílias moradoras do lugar foram atendidas com cisternas de placas e nove do tipo calçadão. Antonieuda Carvalho é uma das beneficiadas e disse que a obra trouxe grande benefício. "Antes, a gente andava com balde na cabeça, indo pegar água distante, no riacho", contou. "Na época do verão, da seca, os poços secavam e água ficava ruim".
Hoje, além da água para o consumo, a família dispõe de verdura e algumas frutas, mesmo no período de verão. "Até abacaxi a gente está plantando", mostrou. "O excesso de produção da verdura a gente dá para os vizinhos". O marido dela é pedreiro e, atualmente, trabalha na construção de outras cisternas em Cariús.
As famílias dão como contrapartida a escavação do terreno, a alimentação dos operários e ajudam no trabalho de construção da unidade. Irani Vieira de Lima, outra beneficiada com a cisterna calçadão, disse que a obra trouxe uma vida nova. "Com certeza, melhorou a nossa qualidade de vida", frisou. "Os frutos que nós produzimos é de forma orgânica, sem veneno". A água acumulada ajuda outra atividade da família: a criação de vacas leiteiras.
O agricultor Emídio Lima, ao lado da esposa, Francisca Lima, mostra-se satisfeito com as duas cisternas. "Foi uma bênção", disse. Inicialmente, o produtor não queria o benefício, por estar idoso, mas hoje agradece. "Já sofri muito indo pegar água no riacho, em poços, mas agora tenho aqui do lado da minha casa".
Na comunidade de Riacho do Meio, a 37Km de Cariús, não se vê mais uma pessoa com lata d´água na cabeça. "A nossa meta é atender outras famílias com cisterna calçadão. Primeiro nós temos a preocupação de capacitar os beneficiários para que usem corretamente as unidades", frisou o técnico do Elo Amigo, Ednaldo do Carmo. A ideia é evitar o uso inadequado ou mesmo a não utilização das cisternas, deixando de captar água no período invernoso. Neste ano, o Elo Amigo em parceria com outras instituições já construiu 77 cisternas de placas, quatro barragens subterrâneas e três tanques comunitários.
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O Instituto Elo Amigo em parceria com a Fundação Edvane Matias realizou entre os dias 17 e 28 de outubro, a formação em informática das jovens do Projeto Vencedoras. O laboratório itinerante da fundação equipado com dez computadores, um telão e espaço climatizado, contribuiu para que as jovens alcançassem um melhor resultado. A capacitação faz parte do processo de formação do projeto, o qual tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento social e a geração de trabalho e renda de jovens mulheres no município de Iguatu, por meio da formação pessoal e profissionalizante e a inserção social e produtiva de 35 jovens da Vila Centenário.
Além da formação teórica, o projeto oferece ainda formação esportiva, onde as jovens tem a oportunidade de desenvolver habilidades comportamentais, que estão diretamente ligada ao processo de inserção econômica, entre elas, comunicação, respeito, disciplina, trabalho em equipe, auto desenvolvimento e foco nos resultado.
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No ultimo dia 26 de outubro, realizou-se a segunda Feira da Agricultura Familiar em Quixelô. Com apenas um mês após a primeira feira (dia 28 de Setembro), os agricultores voltaram a comercializar seus produtos no centro do município.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Quixelô em parceria com o Instituto Elo Amigo acreditam na importância da Agricultura Familiar como um meio para valorização dos produtos orgânicos e principalmente no consumo de alimentos sem agrotóxicos.
Esse tipo de iniciativa tenta encorajar as famílias agricultoras a produzirem de maneira responsável sem agredir a natureza. Com espaços como estes, os agricultores terão a oportunidade de atingirem um número maior de pessoas, sem precisar sair de porta em porta ou esperando que venham a sua propriedade.
O intuito é que aconteça pelo menos uma feira por mês.
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No alto da Serra do Estevam, distrito do município de Quixadá, região do Sertão Central do Semiárido cearense, aconteceu nos dias 13 e 14 de outubro o I Encontro Estadual de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as.
Os participantes que chegavam de todas as partes do estado traziam consigo a expectativa do conhecimento, da troca e da partilha. Alguns traziam sorrisos e sementes para serem compartilhados, algumas fotos e lembranças de seus quintais produtivos e mandalas que hoje já colorem o sertão. Uns chegavam com o mesmo ânimo de quem vai pra feira, chega cedo, monta barraca e se põe disposto a oferecer o que traz na sacola. Umas mostravam na sua prática o fazer da Educação Contextualizada para a convivência com o semiárido.
Assim reuniram-se cerca de 60 agricultores e agricultoras, técnicos/as de entidades que compõe o Fórum Cearense pela vida no Semiárido (FCVSA), entidades parceiras e comissões municipais. Com quem vinha chegando o encontro foi começando, e foram acontecendo os reencontros desses homens e mulheres que vêm trilhando caminhos parecidos sejam em Itapipoca ou no Cariri. O conhecimento e o reconhecimento da agroecologia como prática e como modo de vida os/as une seja no cuidado com as sementes crioulas, com a negação veemente do uso de veneno, do cuidado de regar a terra com amor. A perspectiva e a construção de um semiárido sustentável nos une.
Trocas e Intercâmbios aconteceram de diversas maneiras nesse encontro, uma das mais curiosas foi a de experiências de gerações diferentes. No momento de partilha de experiências a Escola Família Agrícola (EFA), do município de independência trouxe seus meninos e meninas para o meio da roda para compartilharem sua experiência de Educação Contextualizada para a convivência com o semiárido.
Todos os estudantes da Escola são filhos e filhas de famílias agricultoras, que estão se preparando, para além de exercer o ofício da agricultura atuarem também como técnicos e técnicas agropecuários. Rubens Marley, estudante da EFA, diz que a relação com os agricultores/as é como um namoro, tem que ir se aproximando, conquistando e passando a viver a realidade, “As vezes existe o reconhecimento pela comunidade, mas dificuldades sempre há, algumas famílias não confiam logo, é uma conquista, um namoro mesmo”, afirma. O grande desafio para esses meninos e meninas é como passar a ser técnico/a, sem deixar de ser agricultor/a.
Além da partilha da experiência da EFA, foram socializadas e visitadas as experiências de consórcios agroecológicos, quintais produtivos, mandalas, feiras agroecológicas, todas experiências desenvolvidas por entidades que atuam na microrregião do Sertão Central.
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No ultimo dia 28 de setembro (quarta feira), o Instituto Elo Amigo e a Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Quixelô, realizaram a Feira da Agricultura Familiar de Quixelô.
Ao lado da Prefeitura, agricultores e agricultoras tiveram a oportunidade de apresentar e vender os produtos da agricultura familiar, livre de agrotóxicos e produzidos nas comunidades rurais do município. Além de uma grande variedade de frutas e verduras havia também produtos artesanais, doces, peixes, ovos e galinha caipira, viva ou abatida. O cliente que levasse a sacola de casa tinha até 5% de desconto em suas compras.
Esse tipo de ação tem como objetivo a popularização dos produtos orgânicos e a conscientização das pessoas para consumirem produtos sem agrotóxicos, produzidos de maneira agroecológicamente responsável.
“Temos por lei a garantia de que da compra da alimentação escolar, 30% sejam produtos da agricultura familiar. Sempre que tenho a oportunidade tento estimular os grupos que acompanho, hipertensos e pais de alunos a consumirem produtos orgânicos. Já ouvi falar muito que o produto orgânico é um produto mais caro, mas nessa feira temos um preço bem acessível e de boa qualidade” comenta Dra Neuma, Nutricionista escolar de Quixelô e cliente na feira.
Com a avaliação positiva da feira, foi programado um momento de planejamento para que os organizadores e os agricultores e agricultoras possam pensar na continuidade da feira no município de Quixelô.
“A feira é um importante espaço para divulgação e comercialização dos produtos da agricultura familiar. É um canal direto entre o agricultor e o consumidor, dar continuidade a essa ação é garantir um importante apoio para a agricultura familiar no município de Quixelô. Explica Marcos Jacinto, coordenador do Instituto Elo Amigo.
Para o agricultor e feirante Francisco Caetano, a feira tem grande importância. “Agradeço aos organizadores da feira por nos dá oportunidade de mostrar os nossos produtos, acho muito importante a existência dessa feira, pois ela trás muitos benefícios para nós agricultores, podemos vender nossos produtos pelo preço certo, produtos sem agrotóxico, e assim contribuir com a renda das famílias”.
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