Entre os dias 21 e 22 deste mês, técnicos e representantes de instituições que vão executar o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) no estado do Ceará, intercambiaram saberes e socializaram conhecimentos, referentes às tecnologias para captação de água da chuva. Barraginha, cisterna de enxurrada, casa de sementes e cisterna-calçadão são alguns exemplos dessas tecnologias apresentadas no encontro, que ocorreu em Itapipoca.
A troca de experiências entre as instituições foi uma estratégia do Fórum Cearense pela Vida no Semi-Árido (FCVSA), com o intuito de refletir sobre a execução do programa, a partir do tempo, das metas e do cenário atual; socializar caminhos, processos, vivências, desafios, a partir da execução do P1+2 no Ceará; intercambiar saberes, vivências e inovações tecnológicas de convivência com o semiárido; planejar ações e perspectivas do projeto, a partir do protagonismo dos sujeitos e do desenvolvimento sustentável.
Em um primeiro momento, Alessandro Nunes, coordenador do P1+2 pela Cáritas Regional Ceará e, também, coordenador do Fórum Cearense salientou a importância da discussão e do planejamento coletivos para o bom andamento do programa no Estado. Situados quanto às atividades que ali seriam desenvolvidas, como as visitas de campo e discussão das tecnologias do P1+2 a serem implementadas, os participantes deslocaram-se até as comunidades Batalha, Caldeirão II Unidos para Crescer, e Lagoinha I, onde puderam conhecer tecnologias aplicadas, á exemplo da barraginha, da cisterna de enxurrada, da casa de sementes e da cisterna-calçadão.
No final do dia, de volta à Itapipoca, os participantes retomaram as discussões iniciadas durante as visitas de campo. O momento foi de socialização e colocações sobre as tecnologias. As implementações de modo geral, segundo os participantes, são de fato importantes para a convivência sustentável com o semiárido, e, têm causado impactos positivos junto às famílias agricultoras. No entanto, ainda de acordo com os técnicos, há uma preocupação em relação à barraginha, por ser uma tecnologia ainda desconhecida da maioria dos executores do programa.
O que se pretende, a partir do que foi visto nas visitas, é aperfeiçoar a tecnologia e experimentá-la. As tecnologias já executadas pelas Unidades gestoras, como também o barreiro trincheira e a barraginha foram socializados no último dia de intercambio. “A troca acrescenta as informações que contribuirão com o desenvolvimento dos trabalhos na execução das ações de forma positiva”, ressalta Alailson Saldanha, da Organização Barreira Amigos Solidários (Obas).

Os participantes reconhecem que momentos como esse contribuem bastante para o bom desenvolvimento das ações de convivência com o semiárido. Marcos Jacinto, coordenador do P1+2 pelo Instituto Elo Amigos, analisa o espaço de trocas como possibilidade de multiplicação e o aperfeiçoamento das tecnologias trabalhadas, como também, identificação dos avanços e conquistas, ao passo em que discute as dificuldades e os desafios como forma de necessidade contínua de estudo e aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido.  “O conhecimento prático, assim como o conhecimento técnico é fundamental para o empoderamento. Nesse aspecto o intercâmbio permite aproximar a visão teórica da realidade de construção e de adaptação das tecnologias”, conclui.

Para André Teixeira, técnico da Cáritas Regional Ceará, “o intercambio pode ser visto como um momento de nivelamento, de conhecimento das tecnologias e partir disso a gente tema mais segurança da eficiência das tecnologias, para implementá-las”. Além dos conhecimentos adquiridos, os participantes apostam no trabalho em rede, avaliado por Francisco Batista, da Associação Cristã de Base (ACB), como de grande importância para a unificação das ações de convivência com o semiárido. O momento foi, também, de direcionamento, como pontua Gabriela, do Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), já que é importante ter caminhos mais certos e evitar possíveis erros cometidos, na perspectiva de trabalhar de forma diferenciada.

Entre as estratégias de execução se destacam como sugestões: padronizar as tecnologias a partir dos espelhos; realizar encontros entre as instituições que executam o programa para avaliar e planejar as ações; apoiar-se uns nos outros; socializar cartilha produzida pela Obas para subsidiar os cursos de Gestão para Produção de Alimentos (GAPA) e Sistema Simplificado de Manejo para Irrigação (SSMP); aumentar o número de pedreiros capacitados; e identificar potenciais fornecedores.