Durante o encerramento da 14ª Romaria da Terra os organizadores, autoridades e participantes do evento expõem sua avaliação e pontos de vista sobre as atividades e a recepção iguatuense em seus depoimentos. Confira na íntegra aqui:

Durante o encerramento da 14ª Romaria da Terra os organizadores, autoridades e participantes do evento expõem sua avaliação e pontos de vista sobre as atividades e a recepção iguatuense em seus depoimentos. Confira na íntegra aqui:

Seu Bosco, da comunidade de Lagoa do Cedro em Chorozinho que é artista e que trabalha também com os projetos do P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas) comentou como foi bem recebido e a satisfação em poder cantar na Romaria.

“Muito bom, uma recepção muito bonita; ficamos na comunidade de Fomento e foi muito boa a recepção; a cidade está muito bonita, mas fiquei muito triste por ver uma lagoa muito poluída no centro da cidade. Isso pra mim é uma tristeza muito grande porque os poderes colocaram tantas plantas ao lado, enquanto a vida está sendo morta dentro da água. Essa é uma lembrança ruim, mas os romeiros capricharam, tiveram o cuidado de ficar jogando o lixo no lixo e isso é muito importante e só vem a engrandecer esses 30 anos da CPT”.

“Nas seis últimas romarias, em todas eu toquei música, ultimamente eu estou virando cantor de romaria; a música ‘Semi-Árido em Romaria por mais Vida e Cidadania’ era minha música oficial, mas não tive como gravar. Não faço isso por dinheiro, nem por poder, nem pra me mostrar, faço isso pelo prazer mesmo. Uma das coisas que gostaria de colocar é para os poderes zelarem pela lagoa que tem no centro da cidade de Iguatu, porque aquilo é uma vida, é um bem precioso; zelar por aquilo ali será um privilégio, uma luta que a gente conquista com a Romaria da Terra se a gente conseguir fazer isso após a romaria”.

Padre João Batista, participante e apoiador da Romaria da Terra, relaciona o elemento social do evento e sua relação com a fé.

“Iguatu tem dado uma demonstração em todos os eventos religiosos e sócio-culturais que é uma terra de acolhimento, de alegria e de boa participação em todos esses eventos. Mais uma vez então estamos com um grande número de pessoas na Praça da Matriz de Senhora Santana; das comunidades e cidades vizinhas vieram muitos representantes e outras dioceses do Ceará mandaram suas caravanas. Temos agora as apresentações artísticas, culturais e  também apresentação da realidade sofrida do povo do campo, com os apelos para a melhoria da qualidade de vida e logo mais teremos a santa missa que é o coroamento deste grande evento. Com certeza ficarão grandes frutos principalmente a certeza no coração de que Deus caminha com seu povo sofredor e que Deus está do lado do povo para levá-lo à terra prometida; onde possa existir um semi-árido que a gente possa viver com alegria, cidadania, com vida e plenitude”.

“O religioso e o social são indissociáveis, ninguém pode separar a fé da vida e do compromisso com a transformação do mundo. O reino de Deus começa aqui, claro que não se plenifica aqui, ele se completa no céu; nós somos convidados a construir um mundo justo, fraterno, solidário e isso é próprio da vida religiosa cristã principalmente; a ética cristã não nos deixa alienados pelo contrário, ela nos empurra para a responsabilidade com a transformação do nosso mundo e a promoção da justiça social, então o que aparece aqui, num evento como esse, e em outros tantos é a certeza de que o povo de Deus, apesar das tribulações, das ameaças e de uma mídia que às vezes tenta ignorar esse grito, mas ele continua no coração do povo, um grito por mais liberdade, mais vida, saúde, educação, terra, trabalho e renda. Eu sempre gosto de repetir a frase: “Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas um sonho que a gente sonha junto se transforma em realidade”, então nós temos o sonho de um mundo melhor, nós temos o sonho viver numa terra onde a gente não prejudique o meio ambiente, onde a gente possa tirar o nosso sustento e preservar a natureza. Este sonho pode acontecer e vai acontecer se nos unirmos”.

Antônio Francisco do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) de Senador Pompeu que comentou sobre o trabalho da comissão organizadora da Romaria.

“É muito trabalho, mas a gente se sente muito gratificado, por estar vendo o resultado desse trabalho hoje com a concretização dessa grande romaria, a 14ª Romaria da Terra, que é a segunda realizada aqui em Iguatu; então pra nós do fórum da microrregião, nós do Centro de Defesa que também articulou a região de Senador Pompeu, Pedra Branca, Milhã, Deputado Irapuã Pinheiro, Solonópoles e aquela região que antigamente a gente chamava de Sertão Central 2; a gente manteve contato com sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores rurais, com as pastorais sociais, com as paróquias e a gente conseguiu trazer um grande número de pessoas para essa romaria. A gente está cumprindo o objetivo, juntamente com a Cáritas Diocesana de Iguatu, o Elo Amigo, a CPT [Comissão Pastoral da Terra] e todas as outras comissões pastorais da região de Iguatu; a gente está muito feliz de poder estar realizando esse evento, um evento que mostra que nosso povo tem muita fé, tem muita mística e acredita que unidos, celebrando juntos a gente é capaz de transformar e de criar novos horizontes”.

“Hoje nós temos dentro dos movimentos sociais uma coisa muito forte que é a questão da conscientização das pessoas das instituições para que a gente trabalhe de forma humanizada, harmonizada e com mais respeito ao meio ambiente, que é hoje uma luta de todos nós, pois, independente de qual classe social seja o cidadão ou a cidadã, nós temos que tomar consciência de que a Terra está pedindo socorro e nós temos mudar o hábito das queimadas, o hábito de envenenar, porque nós estamos não só envenenando a Terra, estamos envenenando a água que é vida e a nós mesmos”.