No alto da Serra do Estevam, distrito do município de Quixadá, região do Sertão Central do Semiárido cearense, aconteceu nos dias 13 e 14 de outubro o I Encontro Estadual de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as.

Os participantes que chegavam de todas as partes do estado traziam consigo a expectativa do conhecimento, da troca e da partilha. Alguns traziam sorrisos e sementes para serem compartilhados, algumas fotos e lembranças de seus quintais produtivos e mandalas que hoje já colorem o sertão. Uns chegavam com o mesmo ânimo de quem vai pra feira, chega cedo, monta barraca e se põe disposto a oferecer o que traz na sacola. Umas mostravam na sua prática o fazer da Educação Contextualizada para a convivência com o semiárido.

Assim reuniram-se cerca de 60 agricultores e agricultoras, técnicos/as de entidades que compõe o Fórum Cearense pela vida no Semiárido (FCVSA), entidades parceiras e comissões municipais. Com quem vinha chegando o encontro foi começando, e foram acontecendo os reencontros desses homens e mulheres que vêm trilhando caminhos parecidos sejam em Itapipoca ou no Cariri. O conhecimento e o reconhecimento da agroecologia como prática e como modo de vida os/as une seja no cuidado com as sementes crioulas, com a negação veemente do uso de veneno, do cuidado de regar a terra com amor. A perspectiva e a construção de um semiárido sustentável nos une.

Trocas e Intercâmbios aconteceram de diversas maneiras nesse encontro, uma das mais curiosas foi a de experiências de gerações diferentes. No momento de partilha de experiências a Escola Família Agrícola (EFA), do município de independência trouxe seus meninos e meninas para o meio da roda para compartilharem sua experiência de Educação Contextualizada para a convivência com o semiárido.

Todos os estudantes da Escola são filhos e filhas de famílias agricultoras, que estão se preparando, para além de exercer o ofício da agricultura atuarem também como técnicos e técnicas agropecuários. Rubens Marley, estudante da EFA, diz que a relação com os agricultores/as é como um namoro, tem que ir se aproximando, conquistando e passando a viver a realidade, “As vezes existe o reconhecimento pela comunidade, mas dificuldades sempre há, algumas famílias não confiam logo, é uma conquista, um namoro mesmo”, afirma. O grande desafio para esses meninos e meninas é como passar a ser técnico/a, sem deixar de ser agricultor/a.

Além da partilha da experiência da EFA, foram socializadas e visitadas as experiências de consórcios agroecológicos, quintais produtivos, mandalas, feiras agroecológicas, todas experiências desenvolvidas por entidades que atuam na microrregião do Sertão Central.

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