No período de 19 a 21/10, aconteceu na comunidade de Mundaú-Trairi, o Encontro Estadual do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido, FCVSA, que contou com a participação de aproximadamente 100 pessoas entre agricultores, agricultoras, jovens, e representantes de organizações sociais que compõem a FCVSA de todas as regiões do estado do Ceará.

A pauta de três dias teve início com visitas de intercâmbio à famílias agricultoras que desenvolvem ações de convivência com o semiárido em comunidades rurais dos municípios de Itapipoca e Trairí. Os participantes puderam conhecer as experiências e trocar conhecimentos com as famílias visitadas que resistem e constroem a convivência com o semiárido em suas práticas através das tecnologias sociais.

Já no Mundaú, os participantes realizaram um rico debate sobre a conjuntura política atual e seus impactos nas políticas sociais e nas estratégias de convivência com o semiárido, sendo destacadas a PEC 241 e 55 e da Reforma da Previdência, no semiárido. Com a colaboração de Antônio Carlos da Fetraece e Cristina Nascimento do Cetra e da ASA o grupo reforçou a necessidade de fortalecimento da articulação dos diversos movimentos e organizações sociais frente ao contexto e a ampliação da luta para a garantia dos direitos e das políticas públicas.

FCVSA confirma delegação para o IX EnconASA e Marcos Jacinto do Elo Amigo como coordenador da ASACE
Visita a unidade do Reúso de Águas Cinzas na comunidade de Purão em Itapipoca

A avaliação dos agricultores/as e membros de entidades é que a conjuntura é muito negativa e a orientação é mesmo ir para as ruas cobrar os direitos que estão sendo tirados e decididos sem a participação popular. “O Congresso Nacional finge representar a população brasileira”, comentou Seu Jonas, Sindicato dos Trabalhadores/as na Agricultura de Crateús.

A agenda também privilegiou a preparação do FCVSA para o IX Encontro Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (EnconAsa), que acontecerá no período de 21 a 26 de novembro em Mossoró/RN e terá como tema Povos e Territórios: Resistindo e transformando o Semiárido. Além de um amplo e rico diálogo sobre o tema do IX EnconAsa ocorreu a eleição da delegação do estado que terá 66 pessoas, sendo 45 agricultores/as e 21 técnicos/as.

O momento serviu para fortalecer as dinâmicas do FCVSA, confirmar a unidade que o momento exige e atualizar a representação do estado do Ceará na Coordenação Executiva da ASA, sendo consolidado e aclamado pelo coletivo os nomes de Marcos Jacinto do Instituto Elo Amigo como membro titular e de Cristina Nascimento do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador - CETRA como membro suplente para uma gestão um ano.

Para Marcos Jacinto a responsabilidade de assumir a Coordenação Executiva da ASA representando o estado do Ceará no momento de turbulência das políticas públicas do Brasil que afetam diretamente as políticas de convivência com o Semiárido é desafiador. “Vamos unificar, cuidar das necessidades e impulsionar a integração das entidades para continuarmos fortes. A campanha “Semiárido Vivo Nenhum Direito a Menos” precisa ser a bandeira de todos que vivem nas regiões semiáridas do Brasil”, destaca Jacinto.

FCVSA confirma delegação para o IX EnconASA e Marcos Jacinto do Elo Amigo como coordenador da ASACE
Jacinto destacou a união das pessoas que vivem no Semiárido

Além da representação do estado na CE da ASA, também foi realizada alteração de cinco para oito entidades que vão compor a Coordenação Colegiada do FCVSA no próximo biênio: Associação Cristã de Base - ACB; Cáritas Regional Ceará; Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro - CDDH-AC; Centro de Pesquisa e Assessoria - Esplar; Escola de Formação Política e Cidadania - ESPAF; Federação dos Trabalhadores/as Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará - FETRAECE; Instituo Antônio Conselheiro - IAC; e Organização Barreira Amigos Solidários - OBAS.

Comunicação

O debate também promoveu o entendimento que a comunicação popular é uma das principais estratégias na defesa da convivência, a Rede de Comunicadoras e Comunicadores Populares do FCVSA, apresentou uma carta à rede estadual para dialogar sobre como manteremos os projetos que viabilizam a comunicação no fórum. Algumas falas reforçaram que cada integrante do FCVSA deve compreender-se como comunicadora ou comunicador, que a disputa das narrativas cabe a todos, e que é preciso que o fórum se envolva tanto na apropriação dos materiais de comunicação, quanto no debate político sobre o direito à comunicação.

Fotos: Rikáryo Mourão